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Um pouco de História


Definir a gênese da Arte Ninja nunca é uma tarefa fácil. Existem muitas versões para aquilo que foi o “início” da história do Ninjutsu. Cada clã ou associação conta a mesma história sob um ponto de vista diferente, mas mesmo assim, existem fatos relevantes que se repetem na maioria das versões. Esses pontos em comum são de suma importância para o entendimento do modo de vida do ninja. O primeiro deles é a sua origem.
Para entender esse ponto, se faz importante lembrar que o Japão mesmo sendo um império é geograficamente falando um país pequeno, não nos esqueçamos que é uma ilha. E como toda civilização que tem uma relação íntima com o mar, ela depende de suas relações comerciais e portuárias. É importante nesse momento frizar que o Ninjutsu é de origem japonesa, porém a sua arte, desenvolvimento é um apanhado de técnicas e conhecimentos que vinham do continente e ganhavam um novo aspecto sob o olhar japonês que possui uma estética peculiar e de características fortes.
Existem três tradições filosóficas que ao se encontrarem fizeram a gênese da arte que conhecemos nos dias atuais. Podemos denominar estas três correntes pelos seus países de origem:

  • Corrente Indiana ou budista
  • Corrente Chinesa ou taoísta
  • Corrente Japonesa ou xintoísta
É interessante saber que na primeira corrente houve também a influência do hinduísmo, de seu panteão de deuses, e de suas práticas, pois as mesmas estão incrustradas nas práticas do budismo. O mesmo acontece com a segunda e a terceira, pois é da China que vem a linhagem de Budismo Chan que influenciou o Zen budismo japonês que mais tarde influenciaria o Xintoísmo.

É notório que as três linhas estão extremamente relacionadas, inclusive influenciando o próprio meio de vida do povo japonês como um todo. Para não confundir a interpretação da história, as três linhas serão tratadas de maneira isoladas, para que possa fazer um entrelaçamento das mesmas no final.

Influência da Índia: o início de tudo.



Como foi dito anteriormente no século VI a.C. ao noroeste da Índia nasceu Sidarta Gautama, filho de Suddhodana. Antes de Sidarta nascer, seu pai foi, seguindo o costume da época, a um astrólogo saber das previsões sobre seu filho. Ele lhe disse que seu filho ”cresceria para ser um herói e conquistaria o mundo, ou seria um sábio” (Livro de Ouro do Zen, pág 28). Apesar de seu pai ter escolhido a primeira opção já que seu filho seria um príncipe, futuro herdeiro do seu trono, Sidarta procurou o segundo caminho, o que fez dele o grande “divisor de águas” na Índia e em todo o mundo Oriental, pois seria a pedra fundamental de uma das principais religiões do mundo: O budismo.

O budismo teve muita influência do próprio hinduísmo, já que o mesmo nunca negou a legitimidade de Buda, e aceita vários deuses e a até mesmo o aparecimento de novos, pois acredita que de vez em quando eles “descem” aqui na Terra para deixar seus “grandes ensinamentos”.
Este fato foi de suma importância para toda a cultura oriental, pois, monges sairiam
muito tempo depois da Índia, para influenciar todo o oriente com as idéias de Buda. No Japão não foi diferente, após mil anos da criação do budismo indiano, ele chega ao país, depois do taoísmo e confucionismo.
Estes monges abriram templos em todo o Japão, sendo que alguns deles se refugiaram em montanhas para buscar a iluminação. Mais tarde, com a crise do Sistema Feudal japonês, as muitas famílias que foram proibidas de praticar as suas artes, resolveram se refugiar nestas montanhas. Os monges que ali viviam eram temidos por todos, pois, acreditava-se que eram tengu(s), tipo de um demônio em forma de corvo, e que possuíam poderes paranormais, afastando qualquer um que quisesse entrar na montanha. Crença à parte, isto foi estratégico para a evolução de algumas artes marciais, principalmente o Ninjutsu.

Influência chinesa: o kung fu e o Tao.


O imperador chinês Liang Wu Ti era um forte patrono do budismo, por isso convidou o patriarca para viajar até a China. A visão dos dois era bem diferente em relação ao budismo: o imperador tinha uma visão mais
salvadorista enquanto o patriarca acreditava em um budismo de meditação e de busca interior.Mil anos depois de Buda, nasceu na Índia Daruma Taishi (Bodhidharma para os indianos e Ta Mo para os chineses). Ele foi o 28
o patriarca do budismo, ou como é citado “o 28o Buda”, e criador do pensamento Chan que se tornaria o Zen budismo japonês. Assim como Sidarta, Daruma não era de uma casta baixa, ele pertencia à casta guerreira dos Kshtra (guerreiros indianos), e como tal, havia aprendido o Vhajramusht.
A base do pensamento criado por Daruma veio do Tao chinês que era a idéia que existia um vazio, onde se encontrava a essência de todas as coisas. A partir disto Daruma acreditava que uma pessoa atingiria a iluminação quando conseguisse atingir através da meditação o Nada. Por causa da diferença de pensamentos ele viajou pelo reinado de Wei, onde se hospedou no Templo Shao lin (cuja tradução é “Pequena Floresta”), onde passou a morar.
Ali estabelecido, passou a ensinar aos monges a meditação, e o caminho do Vazio. Como já foi dito, a necessidade de ficar mais tempo meditando, e por causas externas, o patriarca começou a ensinar aos monges o Vhajramusht.
O vhajramusht é composto de três fases bem definidas:

  • Exercícios de preparação
  • Luta com armas
  • Luta corpo a corpo
Exercícios das três fases teriam sido adicionados à rotina diária dos monges do templo. Os monges mais experientes e com conhecimentos de um antigo estilo de luta, somando ainda a observação da natureza, criaram a partir destes três princípios o Kung fu. A fusão entre as duas lutas ocorreu de maneira análoga com as filosofias indiana e chinesa.
Os monges chineses também tiveram influência de outros lugares, principalmente a de monges tibetanos que vagavam pela China. Esta influência se mostra através dos mudra, que no ninjutsu se transformaram nos Kuji Kiri, principal exercício de alto nível do treinamento mental do ninja.
A China foi invadida pelos manchus, e os refugiados políticos pediram asilo no templo. Os refugiados começaram a pregar a resistência ao invasor, por isso os manchus tentaram invadi-lo várias vezes. A localização do templo e o conhecimento dos monges em artes marciais impediram estas invasões.
O templo só foi invadido por causa da traição de um monge que não teria conseguido subir de casta por ter falhado em um teste. O local foi destruído e os monges se refugiaram em vários lugares do oriente, inclusive indo para o Japão, se instalando nos montes de Iga e Koga.
Lá houve uma “simbiose” entre os clãs que se encontravam na montanha e outros monges. Desta interação surgiram os Yamabushi (guerreiros da montanha) no fim do período Heian, século XII d.C. Entre outras coisas os monges chineses também levaram para o Japão tratados e métodos militares importantes, como, por exemplo, um dos mais famosos da atualidade: “A arte da Guerra de Sun Tzu”. Estes métodos descreviam técnicas de espionagem e estratégia militar, onde o principal agente era o espião. Isto seria o embrião do ninja.
Outros dois livros importantes trazidos por monges e comerciantes chineses eram o Sonchi e Tonyo, que seriam outros dois métodos militares importantes.
As tradições marciais chineses agora se mesclavam com o Bugei japonês, até evoluir ao bujutsu, que seria o próximo estágio de evolução nas artes marciais japonesas.
Kung fu vem da expressão em chinês Koung fou, que significa “fazer direito”. Geralmente para a arte marcial se fala Wu shu. O símbolo de wu shu em chinês é 武術 e que em japonês se pronuncia Bujutsu, que é exatamente uma das fases das artes marciais japonesas. Coincidência? Nenhuma. Isto só vem mostrar que o kung fu e a cultura chinesa tiveram uma grande influência sobre a cultura japonesa. A escrita é um exemplo bem claro disto. Os kanji são uma forma japonesa mais moderna da escrita simbólica chinesa.
Quanto ao Tao e outras filosofias, chegaram um pouco antes no Japão, mas influenciaram ricamente na composição da cultura e das artes japonesas.

Influência Japonesa: o xinto, o bugei e a tradição familiar.

A história nos leva ao século VI d.C. quando se documenta a primeira referência a palavra shinobi (espião ou secreto). A imperatriz Suiko e o príncipe Shotoku Taishi que estavam na luta pelo trono com Moriya, empregaram os serviços do ninja pela primeira vez em 593 d.C.. No caso duas pessoas receberiam a designação de Shinobi: Micinque no Mikoto e Otomo no Sajin.Existem vários fatos relevantes da influência japonesa no surgimento do ninjutsu, porém vou me ater aos mais significativos e menos controversos, já que a prioridade não é aprofundar-se na história da modalidade.

Shotoku Taishi era um budista fervoroso, por isto quando assumiu o Trono desencadeou uma guerra civil que provocaria uma tensão entre budistas e xintoístas. Uma pessoa importante apareceu para dar fim à disputa: um Yamabushi cujo nome era En no Gyoja. Ele criou o Shugendo, que era uma ramificação do Xintoísmo, mas tinha traços de budismo e taoísmo. Esta religião se caracterizava por cultuar as divindades e almas dos mortos que viviam nas montanhas.
Por causa deste fato, os aristocratas e os daimios temiam o fortalecimento dos yamabushi através de En no Gyoja e que por isto ambicionassem o trono. Um grande contingente foi empregado para destruir os yamabushi. Os poucos que sobraram se refugiaram em montanhas na região de Iga e Koga (nome também de duas montanhas de cada região).

Kenjutsu: A Arte da Espada



Quando falamos de qualquer arte oriental asiática, temos que entener a forma de expressar destes povos. Antes de tentar definir uma arte marcial pela técnica e forma de lutar ou de efetuar os golpes é interessante estudar a etimologia da palavra. Dentre todas as artes que estudamos acho que o entendimento desse Kanji faz compreender perfeitamente a sua filosofia e os seus objetivos.
O primeiro kanji é Ken de espada, observando muito bem esse kanji até um leigo na língua japonesa vai perceber que se parece com um homem segurando algo. Geralmente em chinês antigo (de onde provem o alfabeto em kanji japonês) um kanji tem duas partes um que compõe o som do kanji( a pronúncia) e outro que contem o significado. O som desse kanji é dado pela lado esquerdo e o significado é o lado direito que simboliza a espada e o corte.
Mas observando bem o kanji percebemos que o lado esquerdo é tão importante quanto o direito. Ele representa o guerreiro que segura a espada, que a conduz. Vemos que o Kanji só tem sentido quando Homem e espada se tornam uma única coisa um único significado. É bom ressaltar que Ken é uma espada empunhada e
cortando, ou seja, existe uma intenção e um movimento. Sem a ajuda do homem Ela não possui nenhum dos dois, ou seja, o guerreiro do lado esquerdo passa a ter uma função essencial e primordial pra que a espada manifeste sua essência.
Num segundo estágio percebe-se que não há necessidade de Lâmina sendo a intenção e vontade do homem a única coisa que a diferencia de um pedaço de madeira a uma espada de aço com fio.


Partes da Espada

Considerando a Katana como tipo principal na prática de kenjutsu temos o seguinte esquema para Lâmina e espada montada:

Cada técnica seja ela de bloqueio como de ataque usa uma parte apropriada da espada, mudando assim a angulação de uso da mesma. Por isso se faz necessário entender cada parte e sua função, como a forma de construção das mesma. Em relação a Lâmina a sua angulação material, exposição do fio, hamon. e outras partes importanes tiveram uma considerável evolução durante as eras no japão, gerando assim os diversos estilos de espada

Estilos de kenjutsu

Considerando o uso de uma Katana, existem três estilos de Kenjutsu, cada um deles vai se diferenciar em como o combate se inicia, como termina, os tipos de corte e de kamae usados.
  • Kendo: Caminho da espada, onde considera-se muito cada corte dado. Cada técnica dada em combate tem um deai exato, um momento. Lema: ”um corte, uma morte”, não se empunha levianamente uma katana, ao se desembainhar uma espada ela deve ser usada em combate e terminar a luta.
  • Iaido: Caminho do desambainhar a espada. Considera-se que a espada reclusa dentro de sua Saya retém a força e o espírito acumulando o máximo de Ki possível. O corte se torna mais forte e mais difícil de prever, é uma variação do Kendo, com mesma filosofia, ou seja, cada corte deve-se finalizar um combate, sendo que a cada técnica, cada Kiri, a espada retorna ao seu estado incial: dentro da Saya onde ele se mantém viva.
  • Batou: Retalhar. Aqui so interessa o fim do combate, não importa como chegar a ele. São técnicas mais curtas, onde são usados mais golpes de talhar do que cortar, o estudo principal é o redirecionamento da lâmina da espada quando esta se choca com a espada do oponente em combate, assim o corte é desviado a outra área aberta e depois de efetuar um talhar ou um corte menor se faz um corte mais longo pra finalizar o combate.

Kiri: O corte e suas partes.



Kiri significa corte, e pra ser bem efetuado o praticante necessita entender e executar bem as partes que o compõe. Um dos maiores guerreiros espadachins do Japão escreveu um livro sobre a estratégia de espada. Esse livro é o Gorin no Sho (livro dos cinco anéis), escrito por Miyamoto Musashi. Cinco anéis são cinco capítulos cada um com um nome de um elemento, onde ele descreve toda a estratégia e técnica da sua escola. No primeiro e segundo livro, Terra e Água respectivamente, ele descreve a partes que compõe a técnica e o corte, e as suas importâncias.
Dentro do estilo kanagawa temos a visão do Nidaime Shihan Yohanesu Dono.
E são elas:
  • Deai/maai
  • Kamae
  • Guarda
  • Hasouji
  • Tennouji
  • Tomeru
  • Kiai
  • Ken
  • Shin
São nove partes que se dividem em três grupos de três partes cada grupo se refere a um foco da técnica: estratégia, corte limpo, e projeção, ou pode-se dizer corpo, mente e espírito da técnica.

O corpo



O corpo da técnica está ligado com a Limpeza do Kiri, fazendo com que o mesmo tenha aproveitamento e eficiência máximas. Consideramos a parte que depende do entendimento do praticante sobre a espada, sua forma de construção, angulação de corte, a parte física da arte. Divide-se em três partes:
1. Hasouji: significa alinhamento do corte. Um corte alinhado ganha velocidade e precisão. Um corte não alinhado pode entortar ou até quebrar a espada. Para saber se um corte está alinhado, não acompanhamos o seu movimento, simplesmente escutamos o som que a mesma libera no ar, como um assobio, o barullho do metal cortando o ar, um corte alinhado possui um barulho alto e agudo.
2. Tennouji: significa trajetória da espada, onde o corte começa e onde ele termina, assim como o desenho que lâmina descreve no ar. Essa parte depende do kamae anterior ao corte e do kamae posterior ao mesmo. Diz-se que em Kendo cada corte é melhor dado quando incia o seu movimento naquela Kamae específico. Assim quando estamos em luta ou executando uma técnica devemos retornar ao kamae necessário pra executar um certo tipo de corte. Também depende do Deai e maai, ou seja se conecta ao distanciamento e tempo entre o oponente.
3. Tomeru: significa literalmente “parar, ou parada” onde a espada deve ser retida pra reiniciar o ciclo do próximo corte e onde deve parar para que não haja dano a katana, batendo a espada no chão por exemplo. Um espadachim experiente consegue unir o movimento dos cortes e sabe parar em uma posição onde ele consiga se defender da reação do oponente caso esse não tenha sido alvejado no corte anterior.

A mente

A mente é a estratégia no kenjutsu. O praticante pode dominá-la executando bem os seus fundamentos e compreendendo como eles interferem no ritmo do combate. São conceitos muito básicos pra qualquer praticante de artes marciais, de modo que aqui só me propus a colocar a relação dos mesmos com o kenjutsu, pois em outras partes do tora maki esses conceitos serão bem mais detalhados e explicados.São eles:
1. Deai/Maai: são dois conceitos que se complementam e não existem isoladamente. O deai está ligado ao posicionamento antes da técnica, o tempo de movimentação o momento que ele vai acontecer e a velocidade. O Maai marca a distância exata entre o oponente e o praticante pra que este incie a técnica. Geralmente o deai é representado por um círculo que é onde sua técnica tem poder de afetar, no kenjutsu o linha do círculo representa o maior poder de corte que o praticante consegue. O Maai é á distância q o opoente vai percorrer até o praticante e quando ele se torna o alvo perfeito para o mesmo.
2. Kamae: significa postura, posição das mãos e Dachi(base executada com as pernas). Podemos classificar o kamae quanto a três características:
2.1. Nível do kamae: se refere a posição das mãos e da espada em relação ao praticante:
2.1.1. Superior: onde a espada se encontra acima da linha dos ombros para efetuar um corte descendente ou lateral. Uma posição onde a gravidade ajuda a força do corte, um corte forte e rápido pode ser desferido a qualquer instante.
2.1.2. Médio: onde a espada se encontra a frente do praticante e os braços relaxados. Posisção onde pode-se afastar o oponente e executar qualquer tipo de corte, não tão forte mas eficiente segundo a variedade de movimentos e técnicas que se pode executar.
2.1.3. Inferior: onde a espada se encontra abaixo da linha da cintura, aqui a espada tem um grande espaço pra movimentação sendo executados grandes cortes. A força dos mesmos é aumentada usando o movimento do corpo, principalmente o quadril e os pés.
2.2. Distância dos pés: interfere no tamanho da postura e na sua altura modificando a intenção do praticante durante o combate.
2.2.1. Aberto: um kamae aberto é mais baixo, as pernas estão mais distanciadas, postura perfeita pra proteger as partes vitais e afastar o oponente, alguém com esta postura deve possuir uma grande força nas pernas pra se movimentar a partir desta posição, é uma posição de descanso na luta. Posição defensiva
2.2.2. Fechada: um kamae mais alto, onde os pés quase se tocam, aumenta a velocidade do momvimento, usando o desequilíbrio pra diminuir a percepção do oponente, e o tempo de execução da técnica. É mais perigoso pois as partes vitais estão mais perto da zona de combate. É usado por pessoas que possuem um ótimo Tai sabaki(esquiva) e possuem um bom conceito de deiai e maai. Posição ofensiva
2.3. Posição da mão principal: aqui a mão direita geralmente é a principal, a que fica perto da tsuba, portanto um corte pode ficar mais forte ou mais fraco dependendo do movimento executado
2.3.1. Omote: movimento do corte e posicionamento a favor da mão direita. A postura dos braços está natural, o corte acontece de maneira mais tranqüila e sem esforço, mais forte e mais rápido
2.3.2. Ura: movimento contra a direção da mão direita, a mão esquerda é usada com direcionador. O corte perde a precisão e fica mais fraco, só é usado quando o praticante é pressionado contra um obstáculo que o obriga a cruzar os braços e trocar a guarda da espada.
3. Guarda: se refere ao posicionamento da espada entre o oponente e o praticante. Modificia a direção e a intenção do oponente e quebra o ritmo do combate.
3.1. Yin: guarda fechada, para afastar o oponente, a espada fica entre os dois impedindo o avanço do oponente, é usada como forma defensiva ou de contra-ataque.
3.2. Yang: postura aberta, mostrando a parte vital ao oponente a espada geralmente está numa posição inferior, lateral ou traseira onde o oponente se vê forçado a entrar em combate para aproveitar o instante para desferir seu golpe. É usado quando o praticante sabe mutio sobre tai sabaki e tem uma variedade de contra-ataques

O espírito



O espírito é a parte mais sutil de toda técnica. É quando praticante e espada se tornam um só. Essa união é baseada em três projeções, que formas as três partes deste grupo. Dentre o treinamento de kenjutsu consideramos essa grupo como o desenvolvimento espiritual do praticante, práticas como chikung, hatta yoga e Zha Zhong, são essenciais pra que ele compreenda as nuances e sutilezas do espírito do kenjutsu. As três projeções são:
1. Kiai: projeção de energia. A espada é usada como canalizador e potencializador da energia do praticante que a direciona ao oponente pra que quebrar seu ritmo e concluir seu corte. É feito nesse instante um kiai(rugido) para executar essa projeção. É a vida da técnica, sua parte Yang.
2. Ken: projeção da intenção de morte. Através do olhar e da mente se projeta uma inteção de morte, suficientemente forte para paralisar o oponente e forçar que ele ditubie e assim ganhar segundos de diferença para execução de uma técnica extremamente ofensiva. É a morte da técnica, sua parte Yin.

3. Shin: projeção do espírito. O praticante projeta seu espírito na espada e o unifica com o espírito da katana, assim os dois param de lutar entre si e caminham em uma única direção, é a parte mais sutil porém a mais poderosa de toda a técnica. Durante o treinamento o praticante aprende a sentir, a escutar e a ver o espírito da espada. É algo de nível bem elevado e quando alguém domina esse nível se torna um verdadeiro espadachim.

Tao: Caminho para a virtude


Na época em que eu fui fazer o meu exame de 5°dan, me pediram pra escolher um tema filosófico que pertencia ao Ninpou e discorrer sobre ele. Eu escolhi falar sobre o Tao que foi algo que eu tinha estudado muito e debatido diariamente com meu Mestre nos últimos momentos de sua vida, foi como se fosse parte da herança que ele queria me deixar. 

Quando viajei até o local de exame e me contaram que dois mestres de Tao estaria presentes eu pirei, como bom ascendente em virgem que eu sou. Fiquei revendo tudo que tinha pensado. eu não tinha escrito nada, quem me conhece  sabe que dou minhas palestras sem ler nada, quando é algo mais sério preparo um arquivo de power point e pronto. Nesse caso eu simplesmente tinha pensado em deixar fluir. 

Aí resolvi ler o tao te king novamente, pensar ver uma introdução, falar sobre tudo o que eu pudesse e mais um pouco. Resultado fiz um texto de 15 páginas sobre o assunto. Mas mesmo assim estava descontente com tudo e num acesso de loucura, ou inspiração divina, apaguei o texto. respirei fundo. e quando olhei pra tela vazia do PC. um flash de luz venho e começei a escrever de maneira frenética como se eu estivesse incorporado alguma coisa e estivesse psicografando. 

Eis o resultado, sem mais explicações:


Como posso explicar sobre uma coisa que se for traduzida em palavras deixa de ser ela mesmo, assim também é a sua essência e a sua função.

O Tao se manifesta nas dez mil coisas, e como tal, pode ser contemplado em sua plenitude, mas qual é o homem que por um instante que seja, consegue compreender toda a criação sem enxergar a essência do Tao. Portanto somente aquele que enxerga o Um pode contemplar toda a criação na sua totalidade.

A natureza tem em si mesmo o movimento e a estagnação, pois nela habita a função plena do Tao. A sua mutabilidade é, por isso, imutável. As leis que regem esta imutabilidade também o são. Por ser manifestação da essência ela é cíclica, mas sua força é eterna, imortal.

O homem na sua essência também faz parte da natureza, portanto o homem santo procura estar harmonizado com o próprio movimento da natureza. Aquele que assim o faz será tão imortal como ela.

O ninja deve buscar esta harmonia com a natureza, pois assim sua ação será parte do movimento gerado pelo universo, e portanto será senhor de tudo a sua volta. Senhor de tudo, sem comandar, sem atuar, assim será sábio e tudo dominará. “O impossível se tornará lugar comum” e este lugar será o seu reino.

Não cortar a seqüência, assim diz a lei. Que seqüência senão o Taichi, movimento universal do yin e do yang. A verdadeira força habita naquele que deixa por ele passar este movimento, não interrompe, não aumenta, só transmuta e transfere. O atacante se torna atacado pela sua própria força. O que foi atacado primeiramente não é nada apenas que um elo, um ponto de mutação entre uma coisa e outra.


Na quintessência do Tao está o segredo para o imortal, o infinito, e também para a vitória. Ser como uma bola de fogo somente não quer dizer força verdadeira. Ser água quando se é fogo, é onde reside a verdadeira força e domínio.

Perto disto tudo, não somos nada e somos tudo ao mesmo tempo. Verdadeira contradição, mas sem ela nada existiria, a função não seria a existência e a essência não seria o Nada. Ou será ao contrário? Quem sabe?O homem santo?


O grande mestre?


Quem?


“A virtude superior não ostenta virtude por isso tem virtude.”


E quanto ao agir, e quanto a bondade. Quem segue o caminho está acima de tudo isto, sem sair de tudo isto. Ser bom sem conhecer a maldade é duvidoso. Ser santo na brandura não é nada demais. Pois “Conhecer-se o que faz o belo belo eis o feio. Conhecer-se o que faz o bom bom eis o não bom”.

Muitas são as coisas que permeiam o Caminho, porém único é o Caminho. Não existe outro, se existir, não será outro e sim outra é a pessoa que o vislumbra. Existem tantas visões do Caminho quanto suas manifestações, portanto, muitas são as formas, porém única é a essência.

Aquele que compreende o que digo segue o caminho sem duvidar, o que não compreende mas muito o quer, precisa primeiro se conhecer, porém, muitos são aqueles que ouvem mas não entendem e mesmo assim não param para seguir, não procuram a verdade compreender.

A pessoa superior escutando o curso o pratica zelosamente a pessoa mediana escutando o curso ora insiste ora desiste, a pessoa inferior escutando o curso ri estrepitosamente não risse não seria o curso.



Shihan Frederico Sousa



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